quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O século da espiritualidade sem Deus

Os homens não têm procurado servir a Deus, mas à sua própria vontade
"Antes morrer do que pecar" (São Domingos Sávio)
O primeiro mandamento do Decálogo pede ao homem que ame a Deus sobre todas as coisas.“Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6, 4-5). É tal a importância desta prescrição que Jesus reconhece nela, sem hesitar, “o maior e o primeiro mandamento” (Mt 22, 38).
Também Santo Agostinho teve diante de si a primazia do amor na vida cristã. Uma sentença célebre do santo latino diz: “Ama e faz o que quiseres”. Com isto, o doutor da graça não quer dizer que as obras, a prática das virtudes ou as orações não sejam importantes na caminhada quotidiana; ele lembra, ao contrário, que tantos atos de piedade e de fé se resumem no mandamento do amor - e que é justamente por causa dele que o católico teme a Deus e procura cumprir os outros mandamentos. “Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos” (1 Jo 5, 3).
Santo Afonso de Ligório explica que “desde que uma alma ama a Deus, levada por esse amor, evitará tudo o que desagrada e fará tudo o que satisfaz a esse amável Salvador”. De onde se conclui que todos os pecados e ingratidões que os homens têm cometido contra Deus decorrem da falta de amor para com Ele. Se os Seus filhos O amassem verdadeiramente, prefeririam morrer a pecar, como preferiu São Domingos Sávio. Se de fato amassem o Senhor, não se aborreceriam em permanecer minutos ou horas diante do Santíssimo Sacramento; ao contrário, empenhar-se-iam continuamente na oração, para falar cada vez mais com o objeto de seu amor. Se de fato amassem a Deus, sofreriam penas e mais penas sem desanimar, pois, nas palavras de Santo Afonso, “para um grande amor nada há que seja difícil demais”.
No entanto, ama-se a Deus? Infelizmente, não. Se por um lado o nosso século contempla, atônito, “a existência do ateísmo militante, operando em plano mundial” 01, por outro, vê crescerem de maneira escabrosa múltiplas filiais de espiritualidade sem Deus. Trata-se de um fenômeno espantoso, mas tristemente real. Os homens não têm procurado servir a Deus, mas à sua própria vontade. Desprezando o batismo que muitas vezes receberam em sua infância, descambam para outras religiões, procurando aquela que melhor se encaixe aos seus gostos ou caprichos.
E, se a comunidade pentecostal da esquina satisfaz por pouco tempo, não tem problema: segue-se ainda à procura de outras, mais brandas ou “tolerantes”. Procede-se com as coisas de Deus como com os bens terrenos: negociando, estabelecendo uma espécie de “barganha” espiritual. Não se procura a religião por causa de uma procura agostiniana da Verdade, mas por uma sede de satisfação pessoal, para resolver alguns problemas temporais e obter algumas consolações.
É claro que este não é um fato novo. São Lucas narra nos Atos o episódio de um certo Simão, “que exercia magia na cidade (...) e fazia-se passar por um grande personagem” (At 8, 9). Diante da pregação dos apóstolos, o mago, deslumbrado, “ofereceu-lhes dinheiro” (v. 18), para que também ele pudesse impor as mãos e fazer com que os fiéis recebessem o Espírito Santo. A resposta de São Pedro foi dura: “Maldito seja o teu dinheiro e tu também, se julgas poder comprar o dom de Deus com dinheiro!” (v. 20). Nos tempos apostólicos, indivíduos como Simão eram repreendidos severamente e instados ao arrependimento; hoje, tais “homens de negócios” exibem-se em redes de televisão sem nenhum pudor ou constrangimento.
“Maldito seja (...), se julgas poder comprar o dom de Deus” – são palavras do primeiro Papa. O dom de Deus é graça, não se compra. A salvação de nossa alma é graça, não se pode negociar. Para obtê-la, é preciso voltar ao primeiro mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas, amar-Lhe e conformar-se à Sua vontade - à vontade de Deus, e não à nossa. Afinal, como ensina Santo Afonso, “fazer a própria vontade e seguir sua inclinação não é servir a Deus”.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

"Rock Cristão"? Pode isso?

Salve Maria!

Já falamos por aqui diversas vezes sobre o Rock x Santidade... Hoje venho complementar, deixando aqui um estudo do Padre Bertrand Labouche...


"Basta um pouco de senso comum para compreender que o cristianismo e o rock são incompatíveis: o cristianismo é a religião da ordem, porque trabalha com a finalidade de restaurar todas as coisas em Nosso Senhor Jesus Cristo. O rock é uma música desordenada, pois a hierarquia dos elementos musicais (melodia – harmonia – ritmo) está invertida. É a revolução na música e a música da revolução. Um “rock cristão” é algo tão contraditório quanto um “sofisma arrazoado”. "


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Estudo completo aqui neste link:  http://musicaeadoracao.com.br/recursos/arquivos/diversos/bach_floyd.pdf

Fiquem com Deus!



terça-feira, 29 de outubro de 2013

"Eu era católica e Deus me converteu"

Salve Maria!
No mês de setembro completei meu primeiro ano de conversão. Se eu era ateia, protestante ou budista? Definitivamente não, talvez fosse o tipo mais difícil de converter: eu era católica. Fiz uma experiência muito forte do amor de Deus. Quero contar o que me aconteceu e especialmente destacar o papel do Padre Paulo Ricardo em tudo isso.
Em 2012, fui morar no Rio de Janeiro: o emprego dos sonhos, lá teria a minha casa, muitos ideais na cabeça, coração batendo forte e desejoso de aventuras e novas histórias... Quando lá cheguei foi tudo BEM diferente. O dono do escritório começou a rivalizar pesado comigo e me demitiu exatamente um mês depois, sem conseguir apontar meio motivo razoável. Ao mesmo tempo meu namoradinho carioca, lindo, inteligente, que tocava violão erudito pra mim em noites de lua cheia com vista para o Pão de Açúcar também resolveu me chutar.
De alegrias tropicais minha vida passou a um inferno dos mais dantescos. Fui para casa, comprei os acessórios, enchi a despensa, posicionei as plantas... Aquela cena que se ensaia mil vezes desde a infância, mas eu pensava que teria um gosto diferente, que estaria em segurança, tudo daria certo e eu seria feliz. Mas o gosto era TÃO AMARGO... Não se parecia em nada com a doçura que essas ideias românticas de felicidade prometem.
Então, o vazio tomou conta de mim de forma avassaladora.
Meu coração ardia de vontade de me confessar. Procurei o pároco da linda Igreja de São José, o Revmo. Padre André, sacerdote jovem que tinha acabado de voltar dos estudos em Roma. Sentei-me no banco, nem o conhecia, e comecei a contar meus pecados de estimação. Só que dessa vez, irritada por tantas coisas impalatáveis e que eu já não entendia, disse ao Padre num surto de sinceridade que eu não me arrependia porque "eu não concordava". O Padre calmamente me disse: "Minha filha, então eu não posso te absolver. Sem o arrependimento sincero e o compromisso de não buscar mais esses caminhos de nada vale a confissão. Quer um conselho? Pare de sofrer. Saia da Igreja já que ela não te satisfaz, mas não selecione apenas as partes que te agradam e ainda diga que é católica. Não existe isso de não concordar e fazer o que se quer, seja honesta e saia. Outra opção é você buscar a respostas de suas dúvidas no Catecismo e obedecer ao Papa. Desta forma você vai ser de fato uma católica. Como está você não o é". Eu fiquei atônita. NUNCA tinha ouvido UM Padre sequer dizer aquilo. Ele disse mais outras coisas específicas pra cada pecado que eu havia cometido e especialmente para aqueles dos quais que eu não me arrependia.
Foi TÃO CLARO que não teve jeito de eu defender minhas ideias, era óbvio que eu havia construído um muro de retórica pra me defender e legitimar minhas más escolhas e vícios.Até aquele ponto havia vivido como a maioria, de um jeito muito simplista: se eu extinguisse a culpa, o erro não seria meu. De um jeito que eu não sei explicar eu disse ao Padre que eu me arrependia. E eu disse isso com toda a minha alma e entendimento. Recebi ali uma cura incrível que jamais vou conseguir explicar. Passei a amar o Papa com TODAS AS MINHAS FORÇAS e fiquei muito curiosa em relação ao Catecismo e aos Evangelhos, parecia que havia passado muito tempo exilada, sentia saudade da Vida porque estando tão distante de Deus eu tinha me afastado de mim mesma e esquartejado corpo, alma e espírito em pequenas e indecifráveis partes que não faziam sentido por elas mesmas ou em conjunto. Eu tinha desenvolvido um soberbo exoesqueleto de pretensa "razão" e por ele me sustentava. Meu corpo físico e místico estava em frangalhos dentro daquela dura casca de superficialidade.
Depois disso voltei aos Sacramentos, às Missas Dominicais, à Adoração... Mas, quase não conseguia levantar da cama, fiquei doente e sem forças por muitas semanas. Eu só me levantava pra comprar comida às vezes e pra ir até a Igreja. Levantar um braço doía muito. Eu não quis contar pra minha família ou amigos o que tinha acontecido. Sentia uma mistura de choque, medo, raiva, tristeza, indignação, revolta, pânico, culpa, vergonha...
Tive anorexia. Anemia. Problemas estomacais. Infecções alimentares. Dores fortes no corpo todo. Depois de uns dois meses consegui sair de casa pra fazer esportes. E adquiri o hábito de caminhar na Lagoa rezando o Rosário. As pessoas olhavam curiosas achando engraçado uma moça com visual moderninho de roupa de ginástica caminhando com o Terço nas mãos. Eu queria lembrar as pessoas de que sempre há tempo para o Rosário. Não existe desculpa.
Então passei a participar do dia-a-dia da Igreja e fiz novos amigos, já que os primeiros, do escritório, jamais me ligaram nem pra saber se eu estava viva ou precisando de alguma coisa. E o tal namoradinho ainda fez questão de me esfregar outra garota na cara o mais que pôde. De que tinha valido tanta lua cheia, violão e romance? Nem respeito por mim ele conseguia ter! Naquela solidão radical eu fiquei pensando no que eu tinha por valores, quanto tempo eu gastava dando satisfações às outras pessoas, por que eu superestimava ser a "fofa, querida, gracinha" na boca dos outros e de que isso me valia no final das contas... Qual era o sentido da minha vida, afinal? Meu dinheiro estava no limite. Às vezes eu tinha de racionar pão. Tudo estava muito estranho... Tudo em que eu acreditava tinha se transformado em fumaça. Nenhuma das minhas velhas teorias poderia explicar ou me socorrer naquela nova situação.
Mas eu fiquei doente por mais muito tempo, sempre alternando "estiagens" e vontade de fazer as coisas. Nessas minhas temporadas na cama eu buscava coisas pra ver, pra me encorajar... Já que eu não queria conversar com as pessoas e ter de explicar o que nem eu mesma compreendia. Foi numa dessas, naqueles vídeos relacionados que eu achei o Padre Paulo Ricardo. Vi um vídeo, gostei, mesmo que ele me parecesse "duro demais" e até mesmo fanático. Mas existia algo diferente naquele Padre: ele tinha AUTORIDADE. Digo isso não somente pelo incrível domínio teórico e por citar as fontes e documentos oficiais com precisão, mas era outro tipo de autoridade, aquilo só poderia ter sido dado pelo próprio Deus. Eu entendi isso com a alma, mais que apenas com a razão, por isso ele me convenceu. Em pouco tempo via playlists inteiras e aquela musiquinha inicial já me aquecia o coração. Sou muito grata a Deus também por ter enviado o Padre Paulo para ajudar a mim e a muitos como eu. Nós só amamos verdadeiramente aquilo que conhecemos, então este Padre tem o carisma de alimentar nossa fé através do conhecimento. Muita gente se prende apenas ao plano teórico e continua a ser um descrente com muitas informações. Discutem, se posicionam, mas não amam ou vivem aquilo de que falam. É importante usar o conhecimento como uma poderosa ferramenta vivificadora da fé. Às vezes é preciso ver uma foto para entendermos uma determinada situação, o Padre Paulo nos revela através de "imagens teóricas" aquilo que vemos com pouca definição. Hoje rezo com mais fé porque entendo que isso tem real importância e valor, mesmo com meus limites. Também sinto mais paz e segurança porque esse conhecimento otimizou meu tempo de oração: entendo o que devo temer e o que não, isso muda muito o foco.
Passei cinco meses sem trabalho, e finalmente voltei pra minha casa. Vivi um tipo de retiro espiritual onde eu menos poderia imaginar... Voltei outra, menos ruidosa, mais obediente, estudiosa, centrada, de olho nas necessidades alheias e sobretudo FELIZ! Eu entendi que o Amor é a origem da própria vida, ou seja, é a alma do próprio Deus. O amor humano é sua imagem e semelhança. Felicidade é uma escolha definitiva pelo Amor. E a alegria é a consequência de tudo isso!
Hoje eu consigo trabalhar melhor que antes, viver minha vida e sonhos com a certeza de que Deus sonha e realiza tudo comigo. Ajudo e amparo muitas pessoas com essas coisas que aprendi estudando, sofrendo e rezando. Aprendi o valor da penitência, intercessão, fé e, sobretudo, da obediência.
Pra ser livre é preciso ter regras. Se não as tem você é escravo dos seus sentidos e ignorância. A santa obediência ensina muito aos que buscam a humildade e a ela se submetem. Vejo que muitos dos meus amigos inteligentíssimos não compreendem a Deus porque seus ricos vasos estão sempre cheios, e dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Deus espera que nos esvaziemos de nós mesmos pra poder entrar. Ele não nos invadiria nem para nos salvar. Este é o verdadeiro sentido da liberdade que Ele nos deu.
Uma profunda fé em Deus coloca TUDO em justa perspectiva. Depois que o centro se alinha as coisas tomam seus devidos lugares e proporções.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

“Bernadette é doida!” Como nasceu a fonte de Lourdes


A fonte da Gruta hoje
A fonte da Gruta hoje
No dia 25 de fevereiro de 1858 (novena aparição), havia por volta de 350 pessoas diante da Gruta.

Santa Bernadette começou a rezar o terço em êxtase, como de costume.

Depois ela foi subindo de joelhos até o fundo da Gruta. De tempos em tempos beijava o chão. Sua agilidade sem esforço era surpreendente, considerando-se que o local estava coberto de pedras.

Ela chegou até a abertura que comunica com o nicho da aparição e ali se deteve. Seus lábios mexeram, mas ninguém ouviu nada.

Depois fez o sinal de aquiescer e voltou-se, sempre de joelhos, em direção ao rio Gave. Porém, foi como se algo a tivesse detido. Voltou-se de novo para a Gruta e foi até o fundo, mas em sentido inverso ao nicho.

Ela procurava não se sabia o quê; voltou novamente, tornou a olhar para a gruta, e subiu ainda uma outra vez. Curvando-se sobre a terra, olhou com repugnância o chão lamacento, e começou a cavar no local com a mão direita.

Santa Bernadette cava a fonte e alguns acham que ficou doida
Santa Bernadette cava a fonte e alguns acham que ficou doida
Formou uma pequena bacia, e retirando um pouco de lama avermelhada levou-a até o rosto, mas a recusou com desgosto.

Logo recomeçou, parecendo que queria beber essa água suja, mas a repugnância era mais forte.

Só conseguiu na quarta vez. Em seguida comeu algumas ervas que brotam no fundo da Gruta.

O que ela fazia? Ninguém entendia nada. Quando desceu com o rosto lambuzado, a consternação foi geral.

— Ela é doida! – murmurava-se.

Àqueles que lhe perguntavam, Santa Bernadette explicava:

— Aqueró [expressão do dialeto do lugar com a qual ela se referia a Nossa Senhora] me disse: Ide beber na fonte e lavar-vos. Como eu não via água, fui para o Gave. Mas ela me fez sinal com o dedo para ir a beber sob a rocha. Encontrei um pouco de água [que era] quase lama: tão pouco que mal podia pegar na concha da mão. Eu a joguei fora três vezes, de tal maneira estava suja. Na quarta vez eu consegui.

— Mas, por que te mandou fazer isso?

— Ela não me disse.

— E essa erva que você comeu?

Bernadette não tinha resposta.

— Você sabe que acreditam que você é doida fazendo essas coisas?

— Pelos pecadores! – era a única resposta de Santa Bernadette, repetindo o que tinha ouvido no êxtase.

Bernadette: foto após as aparições
Bernadette: foto após as aparições
Pela tarde, algumas pessoas voltaram à Gruta.

Elas ficavam olhando esse buraco “grande como uma sopeira” que Bernadette havia cavado.

Eleonora Pérard inseriu uma vara nesse buraco de água lamacenta. E percebeu uma vibração de água que corria subterraneamente.

Outros tentaram beber e, como Bernadette, cavavam mais. A água começou então a minar com mais abundância e cada vez mais clara.

A lama se transformou em água pura.

Alguém voltou à cidade com duas garrafas. Uma foi levada por Jeanne Montat para seu pai doente:

— É preciso que ele beba desta água – pensava ela.

A outra foi levada pelo filho do vendedor de cigarros. Esse menino tinha uma faixa sobre o olho. Nos dias seguintes, ele já não mais precisava da faixa – observou Jacquette Pène, irmã do vigário que o viu puxando a água.

O jorro de milagres havia começado.

Fonte: http://lourdes-150-aparicoes.blogspot.com.br/2013/10/bernadette-e-doida-como-nasceu-fonte-de.html