A
Virgem Maria sofreu demasiadamente durante toda a vida, de maneira
singular junto a Cristo no Calvário. Mas Ela consentiu em tudo, pois
em tudo Ela procurava fazer a vontade do Pai. Nossa Senhora
compreendeu de maneira perfeita aquilo que nos ensina o Padre Paulo
Ricardo “no Céu o amor se chama glória, mas na terra o amor se
chama cruz”. E Ela muito amou; Ela muito sofreu.
Sua
vontade estava de maneira tão indivisa e unida a vontade do Pai, que
Ela mesma teria morrido na Cruz se esta fosse a vontade do Pai. E Ela
sabendo que a vontade do Pai era que Seu Filho morresse por nós,
faria de tudo para que se cumprisse a vontade do Pai, mesmo que essa
vontade dilacerasse Seu Imaculado Coração. Por isso vão nos
ensinar os santos da Igreja que Nossa Senhora se faria uma escada
para Cristo subir até a Cruz se esta fosse a vontade do Pai.
Vale
lembrar que nas visões da Beata Anna Catarina Emerich contemplamos a
Santíssima Virgem pedindo interiormente a Jesus que a deixasse
morrer com Ele. Ele concedeu a morte deixando-a viva, portanto,
fazendo-a sofrer mais do que se a deixasse morrer. Eis o sofrimento
de reparação que também nos gerou. Cristo nos deu a Ela como
filhos, e Ela à nós como Mãe, e tudo isso porque Ela nos gerou em
seu ventre. Quando Cristo disse as santas palavras, foi como o Anjo
que lhe anunciara outrora que seria a Mãe de Deus; e quando Cristo
morreu e a lança Lhe abriu o lado, fazendo jorrar Sangue e Água,
fazendo a Virgem ser também transpassada de dor, fomos gerados pelas
dores de Maria.
Para
melhor compreender, imagine Cristo morto na Cruz. Imagine Nossa
Senhora olhando para o Seu Amado agora sem vida. Ela olhando a carne
de sua carne, só que sem vida; o sangue de seu sangue, escorrido na
cruz e entrando na terra. Imagine a Virgem já transpassada de dor,
vendo o soldado Romano pegando a lança e abrindo o lado de Cristo.
Imagine a cena... Para melhor compreendermos, recorrerei mais uma vez
às visões da Beata Anna Catharinna Emerich:
“Quando
ergueram a mais amorosa, a mais desolada das mães, dirigindo os
olhos à cruz, ela viu o corpo do Filho adorado, concebido na
virgindade, por obra e graça do Espírito Santo, carne de sua carne,
osso de seus ossos, coração de seu coração, vaso sagrado formado
no seu seio pela virtude divina, agora privado de toda a beleza e
formosura, separado da alma santíssima, entregue às leis da
natureza que Ele próprio criara e de que os homens tinham abusado
pelo pecado, desfigurando-a; viu o corpo do Filho Unigênito
esmagado, maltratado, desfigurado, morto pelas mãos daqueles que
viera salvar e vivificar. Ai! O vaso de toda beleza e verdade, de
todo amor, pendia da cruz, entre dois assassinos, vazio, rejeitado,
desprezado, insultado, semelhante a um leproso. Quem pode compreender
toda a dor da Mãe de Jesus, rainha de todos os mártires?”
Agora
leiam a impressionante narração que nos faz a mesma Beata das
visões que teve do exato momento que transpassaram o Coração de
Jesus:
“Parando
assim entre a cruz do bom ladrão e a de Jesus, ao lado direito do
corpo de Nosso Salvador, tomou a lança com ambas as mãos e
introduziu-a com tal força no lado direito do Santo Corpo, através
das entranhas e do coração, que a ponta da lança saiu um pouco do
lado esquerdo, abrindo uma pequena ferida. Quando tirou depois com
força a santa lança, brotou da larga chaga do lado direito do
Redentor um rio de sangue e água que, caindo, banhou o rosto de
Cássio, como uma onda de salvação e graça. Ele saltou do cavalo
e, prostrando-se de joelhos, bateu no peito e confessou a fé em
Jesus em alta voz, diante de todos os presentes.
A
Santíssima Virgem e os outros, cujos olhos estavam sempre fixos no
Salvador, viram a súbita ação do oficial com grande angústia e
acompanharam o golpe da lança com um grito de dor, precipitando-se
para a cruz. Maria caiu nos braços das amigas, como se a lança lhe
tivesse transpassado o próprio coração e sentisse o ferro cortante
atravessá-Lo de lado a lado.” (grifo meu)
Neste
momento se cumpre a profecia de Simeão no Templo: “E uma espada
transpassará a tua alma” (Lc 2,35). E de fato a espada transpassou
Sua alma. Cristo já estava morto, portanto, quem sentiu as dores da
lança que abriu o Coração de Jesus foi Nossa Senhora. É tão
impossível de separar Jesus de Maria que quando Cristo expira, a
Paixão continua sendo sofrida e vivida pela Mãe. Que belo amor!
Quem poderá compreender?
Sabemos
que uma graça requer sacrifícios. Uma pregação, por exemplo,
obterá seu efeito se tiver sacrifícios - orações, jejum,
rosários, penitências, etc. -, claro que cada um de acordo com suas
capacidades e com o chamado pessoal que o Senhor faz. Por isso,
diante da graça e do milagre do Sangue e da Água que saíram do
Coração de Jesus, foi necessário o sacrifício da puríssima
Virgem.
E
se nos adiantarmos um momento na narrativa da Paixão do Senhor, e
contemplarmos a 6º grande espada de dor da Virgem Maria, que é
receber o Corpo de Jesus já todo flagelado, transpassado pela lança,
sem vida, em seus braços, podemos ver que a Virgem Maria passa a ser
a Mãe da Misericórdia verdadeiramente. Medite nesta cena. Veja uma
imagem de Nossa Senhora da Piedade, recorra ao filme da Paixão de
Cristo, ou alguma imagem, e veja a Virgem dolorosa do Calvário
segurando o Corpo de Cristo já sem vida, e contemple que a
humanidade continua olhando nos olhos de Deus, pelo olhar da Virgem.
A humanidade continua contemplando a Misericórdia de Cristo, pelo
olhar da Virgem.
É
através do olhar de Nossa Senhora, que são janelas pelas quais
passa a luz da verdade, que podemos contemplar a Misericórdia de
Deus. Sim, por este doce olhar, cheio de lágrimas de sangue e dor
por ver Seu Filho morto de forma tão cruel, comove e converte quem a
ele contempla.
(Fragmento
de uma obra que ainda pretende-se publicar sobre a Co-Redenção de
Nossa Senhora)
Salve Maria Imaculada!! Com certeza o amor aqui na terra é a cruz, o sofrimento, a humilhação.. A Virgem Maria em sua obediência se fez pequena e deixou se cumprir tudo o que Deus destinou a Ela. Não questionou apenas deixou Deus ser Deus, confiou.
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