Para nos atrair cada vez mais a Si e animar-nos ao trabalho, Deus, em sua bondade infinita, faz, às vezes, com que saboreemos já na terra um pouquinho daquela felicidade cuja plenitude haverá de ser a nossa coroa. Se nos empenharmos com todas as forças em corresponder, o mais fielmente possível, à graça divina e em difundir em nós mesmos e nos outros a glória de Deus, por meio da Imaculada, talvez saboreemos a gozosa serenidade da criança que, abandonando-se sem reserva nas mãos da mãe, de nada se preocupa e não tem medo de nada, confiando na sabedoria, na bondade e na força daquela que gerou. Por vezes, a tempestade crescerá ao nosso redor. Cairão raios. Mas nós, consagrados de forma ilimitada à Imaculada, estaremos seguros de que nada nos acontecerá, enquanto a nossa ótima Mãe não o permitir.
De quando em quando, as cruzes se abaterão pesadamente sobre nós; mas a graça de Deus afervorizará os nossos corações, inflamando-os de um amor tal que arderemos em desejos de sofrer, sofrer sem limites sofrer humilhações, escárnios e esquecimentos. Com isso, teremos a possibulidade de demonstrar o nosso amor ao Pai, a Jesus e à nossa diletíssima Mãe, a Imaculada. O sofrimento é escola, sustento e força do amor. “Aflitos, mas sempre alegres” [2Cor 6,10]. É a vida gasta em prol de um ideal.
Então, embora por um lado haja um batalhão de encarniçados inimigos conjurados contra nós, encontraremos, por outro, também verdadeiros amigos que, unidos a nós por um sincero amor na unidade de um ideal comum, nos confortarão na tristeza e nos socorrerão nas quedas, a fim de que jamais deixemos cair os braços e combatamos com tenacidade e firmeza até à morte, confiando unicamente em Deus por intermédio da Imaculada.
Esta vida passará e é então que começará a nossa verdadeira recompensa. Envoltos na glória de Deus, nada, nem a menor fadiga, nem o menor sofrimento ficarão sem uma abundante recompensa e isto por toda a eternidade... Como se vê na História, Deus recompensará não só o que tivermos feito, como também o que tenhamos desejado fazer, mesmo que não tivéssemos força para o levar a termo. Desejar, portanto, mas desejar sem limites! E Ele – bondade infinita – permite amiúde a quem o ama, poder satisfazer os seus desejos mesmo depois da salvação e santificação das almas. É precisamente destas aspirações que nascem, mais de uma vez, as boas inspirações e até os milagres.
E será assim que, em união com a Imaculada, todos agradeceremos e adoraremos eternamente a misericórdia, a bondade, a sabedoria, o poder e a justiça de Deus, na posse da recompensa que ele prometeu.
[Escritos de São Maximiliano, 1248]
Fonte: Revista Cavaleiro da Imaculada – ano 34 – nº 286 – julho de 2012
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